quarta-feira, 16 de março de 2011

Este ano, para os chineses, é o do cachorro, seguindo seu horóscopo

Este ano, para os chineses, é o do cachorro, seguindo seu horóscopo. Sob este signo, a previsão é de que o período seja de tranqüilidade geral, um ano com benefícios na maioria dos campos de atividade chinesa. Acreditam na confiabilidade, lealdade, vigilância, honestidade, justiça e força.
Para o britânico John Gray, grande pensador, em sua obra mais recente, “Cachorros de Palha”, expressa a idéia de que a humanidade se engana ao acreditar que ocupa um lugar de destaque no universo, que pode controlar seu destino e algum dia será capaz de construir um mundo melhor.
A explicação para o título de seu livro está num poema do filósofo taoísta Lao-Tsé sobre os cachorros feitos de palha que eram reverenciados nos rituais religiosos chineses e, que, após as cerimônias, eram incinerados.
Gray desafia os conceitos do antropocentrismo, do que significa ser humano, e sugere novas formas de pensar e sentir, mesmo porque, de Platão ao Cristianismo, do Iluminismo a Nietzsche e Marx, a tradição ocidental (e a oriental nem se fala!) se baseia em arrogantes e equivocadas noções sobre o homem e seu lugar no mundo, sempre ansioso em ocupar a posição de destaque, diante de todas as espécies.
Sabe-se que a China vem ocupando as manchetes pelo crescimento econômico, mesmo atropelando o cronograma, o controle, o padrão de qualidade da natureza. Esse país oriental, aliás, nunca foi afeto às coisas naturais, usufrui-se de tudo, de todas as espécies. Nada se perde, tudo se transforma em comida, em negócios, no comércio gastronômico.
Pela filosofia chinesa, o cão é um animal que estuda o território, seus personagens para saber quando atacar ou atuar de forma inesperada, traiçoeira, surpreendendo as pessoas à sua volta e os oponentes.
O grande paradoxo é que o cão, depois de domesticado, transformou-se em um animal de paz e só ataca quando mexem com ele, ou ainda, no momento de defender seus valores e os bens materiais e familiares de quem o possui e trata-o com dignidade. É um animal que não tem dia, nem hora, está sempre disposto a acompanhar o seu dono, jamais pensando em receber algo em troca, a não ser carinho.
É um ano próspero para os chineses, de equilíbrio, harmonia, persistência, de felicidade e alegrias, mas um “ano de cão”.
Com a crescente prosperidade e o aumento da competitividade profissional, os chineses vêm aumentando a adesão ao saudável hábito de conviver com animais de estimação, buscando o companheirismo e a amizade, substantivos que nunca foram peculiares à raça, mesmo em momento de tanta solidão, de isolação social.
Talvez seja pelo descaso chinês no que concerne à natureza é que boa parte de doenças da moda origina-se naquele país, e, algumas delas, têm potenciais para uma pandemia.
O problema crônico chinês para cães e gatos é o comércio de peles, não bastasse o da carne de ambos, muito apreciada, principalmente a do cachorro.
Este comércio é ingrato, em razão da prática cruel pela qual é feita, porque os animais são mantidos em estoques, abatidos pelos próprios donos, que os matam e levam as peles ao mercado, ou são levados aos pontos de coleta para serem abatidos, depois de viajarem horas espremidos, sem água e sem comida.
Alguns cães, ao serem retirados das gaiolas, balançam o rabo, numa atitude de confiança, de apelo, porém são barbaramente golpeados na virilha para escoar o sangue, enquanto se debatem de dor.
O fato positivo, diante de toda essa desgraça, é que na própria china começam a se formar os primeiros grupos de defesa dos animais.
Acho que na matéria de defesa, temos muitos a ensinar aos chineses zoófilos, principalmente na questão da persistência, da perseverança, da esperança, já que os velhos defensores, que se intercabiam, não se cansam diante de tantos problemas de crueldade, do descaso com os animais vistos aqui mesmo.
Mas já há conquistas, principalmente no que tange à conscientização, visto que, a cada dia surgem novos soldados e a luta continua.

João O. Salvador
Biólogo da USP (Universidade de São Paulo) Colunista do site GREEPET, colaborador do Jornal de Piracicaba, Gazeta de Piracicaba e Tribuna Piracicabana


Fonte de pesquisa:
http://www.greepet.vet.br/anocao.php

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