quinta-feira, 27 de abril de 2017

Rottweiler: “uma arma” que pode ser “extremamente dócil” quando é bem-educada

Um rottweiler adulto pesa cerca de 50 kg e a força da mandíbula torna quase impossível abrir a sua boca quando ferra os dentes em algo ou alguém. O potencial agressivo e a força fazem dele uma das sete raças consideradas perigosas, mas a educação é a chave para não serem “uma arma”. “Já vi rottweilers muito mansos, mas também já houve alguns que nem me cheguei perto”, conta ao Expresso o bastonário da Ordem dos Veterinários. Segundo a GNR, nos últimos 15 meses registaram-se 355 ataques com cães.


De pelo preto, com o focinho e as patas acastanhadas. São robustos, fortes, resistentes e ágeis. O cachorro fofinho dá lugar a um macho que pode pesar cerca de 50 quilos. As suas características físicas e comportamentais do rottweiler tornam-no perigoso e, perante a lei, são uma das sete raças potencialmente perigosas.
“É uma arma nas mãos. Com o potencial que tem para ser agressivo e com os estragos que pode fazer com a sua força, torna-se uma arma”, diz ao Expresso Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Veterinários. “Uma arma pode servir para defesa ou para ataque”, acrescenta.
Segundo a página do Rottweiler Clube, a raça tem origens romanas. Na altura, era usada pela legião, uma fação do exército, e também para proteger as manadas, tanto dos lobos como dos ladrões de gado. Foi para estas tarefas que foi criada. Era-lhe exigida robustez, força, resistência e agilidade. Mas os tempos passaram e os animais também se modificaram.
Em 2016, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária tinha o registo de mais de 19 mil cães de raça potencialmente perigosa. Segundo dados apenas da GNR, nos últimos 15 meses, registaram-se 355 casos de ataques com cães, sendo que 71 já aconteceram este ano.
“O rottweiler está identificado como uma das raças eventualmente perigosas não só pelo seu peso e a massa corporal mas também por força de mandíbula. São cães que podem criar grandes estragos a pessoas e outros animais. Não é a mesma coisa do que ser atacado por um caniche, por exemplo. Muitas vezes, quando um rottweiler fecha a boca para morder, dificilmente se consegue abrir”, explica o veterinário.


Nos últimos dias, vieram a público três casos de crianças atacadas por cães. Uma delas, em Matosinhos, por um rottweiler. Mas é normal a reação agressiva em situações do dia-a-dia? Se não estiver socializado, sim. No entanto, se desde cedo contactou com outras pessoas além do dono e com outros animais, passeia na rua e faz o mesmo que os restantes cães, então pode ser “muito manso”.
“Há inúmeros casos, destas raças e não só, que são extremamente dóceis porque as pessoas quiseram que eles fossem dóceis. Têm um bom equilíbrio comportamental”, diz o veterinário. “Depende muito da educação. É mais ou menos como uma criança, se lhe ensinar que deve bater nos miúdos todos da escola, ela bate. Se educar e instigar para isso, vai acontecer. E é o que acontece com estes cães”, explica.
Em parte, a genética é culpada pela agressividade (“se juntar um cão agressivo com uma cadela também agressiva, não posso esperar ter cães a abanar o rabinho”). O resto vem dos donos e do meio envolvente.
Para o bastonário, é essencial que a fiscalização seja intensificada. No caso dos criadores, é preciso assegurar que os cães não nascem de acasalamentos intencionais de animais já por si violentos. No caso dos donos, urge a necessidade de garantir que os animais não são estimulados para atacar. “Toda a lei tem de ser verificada e isso não está a acontecer. A pessoa compra o cão e acabou. Ninguém fiscaliza se lhe está a dar bom uso”, denúncia.

O QUE DIZ A LEI?

O cão de fila brasileiro, o dogue argentino, o pit bull terrier, o rottweiller, o staffordshire terrier americano, o staffordshire bull terrier e o tosa inu compõem o grupo das sete raças potencialmente perigosas.
Segundo a lei, um animal potencialmente perigoso é “qualquer animal que, devido às características da espécie, comportamento agressivo, tamanho ou potência de mandíbula, possa causar lesão ou morte a pessoas ou outros animais”. Na portaria nº 422/2004, do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, além das sete raças são ainda consideradas como perigosos todos os cruzamentos de raças que deem origem a “uma tipologia semelhante” às raças listadas.
Quem quiser adotar ou comprar um destes cães tem de preencher alguns requisitos. Em primeiro lugar, precisa da licença emitida pela junta de freguesia da área de residência. Depois, o novo dono tem ainda de ser maior de idade, apresentar o registo criminal, ter seguro de responsabilidade civil para o animal (com capital mínimo de 50 mil euros) e entregar uma declaração em que confirma que conhece a legislação, tem medidas de segurança necessária em casa e sabe o historial de agressividade do animal.
Isto tudo apenas para ter o cão. Quando chega a hora de o levar para fora de casa, há regras adicionais: o animal nunca pode estar sozinho ou ser levado por um menor de 16 anos, tem de ter açaime e trela curta.
Embora pouco se conheça sobre os contornos do incidente que feriu uma criança em Matosinhos esta terça-feira, as autoridades asseguram que o animal em causa não tinha açaime ou trela.
“Esta tragédia aconteceu porque o dono não cumpriu a lei, que é explicitai e diz que os cães de raças potencialmente perigosas têm de ter açaime e trela na via pública”, comenta o bastonário Jorge Cid, que novamente insiste na urgência de se fiscalizarem os donos dos animais.

Fonte de pesquisa :http://expresso.sapo.pt/sociedade/2017-04-26-Rottweiler-uma-arma-que-pode-ser-extremamente-docil-quando-e-bem-educada

Oito mil assinam petição contra abate do rottweiler que atacou menina

Signatários pedem que animal seja entregue a uma associação que o reabilite



Uma petição contra o abate do cão Rottweiler que na terça-feira atacou uma criança em Matosinhos regista mais de 8.500 assinaturas e defende que sejam os donos dos animais os responsabilizados pelo cumprimento da lei.
petição pública lançada na Internet com o objetivo de “impedir o abate do cão da raça Rottweiler”, e que pelas 18:29 reunia 8.513 assinaturas, não visa “desconsiderar o ataque feito pelo cão”, mas defende que os donos de animais que não cumprem a lei sejam devidamente punidos como estipulado pela lei”, lê-se no documento.
Mais do que abater o cão que atacou a criança, a petição informa que o que é “imprescindível” é que os donos dos animais sejam “responsáveis não só pelo bem-estar do animal”, mas que também sejam “responsáveis no cumprimento do uso de trela em via pública para prevenir eventuais acidentes que ponham em risco outras pessoas (…) ou o próprio animal em questão”.
A petição defende que o cão que atacou a criança seja “entregue ao cuidado de entidades/associações/ pessoas que se comprometam e se disponham a ajudar o animal a reabilitar-se, dando-lhe ajuda técnica positiva e especializada na sua reeducação e no seu comportamento”.
Os donos de animais que não cumprem a lei devem, por outro lado, ser “devidamente punidos como estipulado pela lei”, acrescenta a petição, referindo que qualquer pessoa tem o direito de frequentar espaços públicos sem se sentir incomodada pela presença de animais sem trela ou sem açaime”.
A Lusa tentou contactar, via correio eletrónico, o autor da petição, mas não foi possível até ao momento obter resposta.

Fonte de pesquisa :http://www.tvi24.iol.pt/pesquisa/Rottweiler